Perícia em documentos e contábil desvenda golpes e auxilia no combate a crimes de falsificação no Estado

17 de dezembro de 2018 - 18:02 # # # # #

   

O Núcleo de Perícia Documentoscópica e Contábil (NUPDC) é o setor da Coordenadoria de Perícia Criminal (Copec) que realiza perícias em diversos tipos de documentos, sendo eles oficiais ou não. São analisadas Carteira de Identidade, Carteira Nacional de Habilitação (CHN), testamentos de beneficiários, cartas escritas de próprio punho, bilhetes suspeitos ou outros documentos que não são oficiais, mas que possam fazer parte de uma investigação ou possam ter sua perícia solicitada por algum órgão de Justiça de vara civil ou criminal. Demandados principalmente pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), o NUPDC pericia adulteração de documentos, suspeitas de lavagem de dinheiro, crimes contra empresas, golpes, falsificação de cédulas, entre outros, cuja as pistas podem estar contidas na grafia, papel, foto, assinatura ou contexto das operações que são questionadas por um órgão de investigação ou Justiça.

Realizando três tipos específicos de perícia que exigem distintas técnicas, o Núcleo realiza análise em documentos, que visa averiguar a autenticidade destes documentos, a originalidade da cédula, se há manipulação ou adulteração em informações registradas, rasuras, selos, entre outros detalhes.

O perito criminal e supervisor do núcleo, Hugo Alcântara, conta que o trabalho realizado pelos peritos possui duas etapas: descobrir a adulteração e identificar qual foi o método utilizado pelos adulteradores. Eles também realizam perícia grafotécnica, que é para comparar a escrita manual, assinaturas, rubricas e todo tipo de texto manual questionado. No exame grafotécnico, existe a possibilidade de se identificar a pessoa autora do documento escrito através da coleta de padrões e análise da grafia.

O NUPDC também pericia casos de crimes contra empresas, lavagem de dinheiro, fraudes e situações em que requer a perícia contábil. E, nesta área mais específica, a Perícia Forense possui um perito criminal contábil, especializado para análise destes tipos de casos. O perito Nerivalder Filho, que também é contador, identifica irregularidades e fraudes em operações que causem danos em empresas ou órgãos. “Nós recebemos casos em que um dos sócios de uma determinada empresa desconfia de que está sendo desviado algum valor e realizamos toda análise dos documentos, operações realizadas pela empresa para constatar se houve alguma irregularidade e qual”, explica.

 

Crimes constatados

Assinaturas forjadas, documentos falsos e adulteração de informações fazem com que uma variedade de crimes e golpes sem praticados. Mas um dos casos mais comuns que chegam para serem periciados são os aplicados contra idosos. Criminosos utilizam dados dos idosos para obtenção de empréstimos consignados e desvio de dinheiro das contas bancárias das vítimas assinando o contrato no nome da vítima. Nestes casos, Hugo Alcântara explica que, por meio da escrita, é possível identificar se o contrato foi assinado ou não pela pessoa que apresentou a queixa. “A maioria dos casos em que a gente percebe se comprova que a grafia assinada nos contratos não é dos aposentados que teriam supostamente realizado o empréstimo. Quando o delegado já suspeita de alguém que possa ter assinado, esta pessoa também é submetida ao exame grafotécnico para comparar as letras”. Conforme Hugo, o exame consiste em capturar a grafia da pessoa, seja ela suspeita ou vítima. São levadas em consideração as condições emocionais, psicológicas e até físicas da pessoa que está fornecendo o padrão de escrita e que o método fornece um padrão que pode ser analisado junto ao documento contestado.

   

Outro crime recorrente no Estado é o de fabricação de cédulas e cartões falsos. As apreensões de dinheiro falso e de cartões de crédito fraudulentos realizados pela Polícia também são encaminhados para o NUPDC. As cédulas de dinheiro possuem um papel especial com identificadores de segurança que legitimam a cédula. Mesmo que haja uma boa impressão do papel, em uma máquina copiadora de alta definição, os peritos ainda conseguem verificar os sinais de autenticidade que apenas as cédulas originais possuem.

A perícia em documentos e contábil é uma prática forense antiga e que auxilia autoridades de Justiça e Polícia a descobrir golpes, além dos métodos utilizados pelos falsificadores. Com os laudos das técnicas utilizadas pelos criminosos, a Segurança Pública, de um modo geral, tem noção das aplicações fraudulentas em vigor e pode com isso organizar operações, apreensões e estratégias de combate a golpes e falsificações.

Ainda conforme o supervisor do núcleo, em alguns crimes, a adulteração é sutil, há uma manipulação parcial, uma troca de fotos, uma informação apagada e acrescentada outra por cima, entre outras coisas que apenas um olhar treinado e um perito especializado pode detectar. Nestes casos, é a prova técnica que dá suprimento para a investigação. “O laudo pericial costuma ser forte, por se basear na ciência. A prova material, hoje, é tão solicitada que em todo crime, por mais bem planejado ou bem executado que seja, em algum momento alguém deixou uma pista. E a partir disso se produz uma prova técnica”, conclui.