Perícia Criminal dispõe de mecanismos de inteligência artificial para desvendar crimes

17 de dezembro de 2018 - 17:48 # # # # #

Em tempos onde dispositivos móveis e redes sociais se atualizam e se multiplicam com rapidez, a comunicação entre as pessoas tem se diversificado com a variedade de aplicativos de mensagens existentes. Porém, o uso destes aplicativos tem sido também uma expressiva ferramenta de articulação entre criminosos. Para extrair provas de cometimento de crimes destes dispositivos e detectar informações importantes para investigações, os peritos do Núcleo de Perícia Tecnológica e Apoio Técnico (NPTAT) da Coordenadoria de Perícia Criminal (Copec) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) utilizam um software capaz de detectar e filtrar informações importantes sobre crimes que tenham sido executados ou em fase de planejamento.

O software foi desenvolvido pelo perito criminal do Ceará, Ravi Veloso Barreira, que é mestre em informática aplicada. A ferramenta identifica e categoriza mensagens com conteúdos suspeitos que são filtradas de contextos de conversas e otimiza o trabalho dos peritos de informática forense. Conforme o desenvolvedor do software, geralmente, um celular chega para ser periciado com aproximadamente 30 mil mensagens, o que toma bastante tempo dos peritos. Antes do programa, a perícia em um único aparelho levava até mais de uma semana, pois precisava extrair e analisar todo o conteúdo e ver todas as conversas. Já com o auxílio do software, em poucos minutos, é realizada a varredura por mensagens de conteúdo delituoso ou suspeito. A partir deste filtro, a perícia é realizada de modo mais objetivo.

Ainda de acordo com o perito, o programa analisa conteúdos e contextos para categorizar o tipo de crime de acordo com o filtro. Por exemplo, a análise decodifica mensagens que estejam ligadas a crimes de tráfico, homicídio, roubo, entre outros. Ravi conta que a iniciativa de desenvolver o sistema veio da necessidade de ganhar tempo na extração das informações e também devido à percepção de que muitos crimes são planejados usando a tecnologia.

No NPTAT, além da extração e análise de conteúdo dos celulares, são realizadas perícias de recuperação e extração de dados em computadores, tabletes, HDs e outros dispositivos com intuito de detectar provas contra crimes virtuais e não-virtuais, mas que tenham algum tipo de informação acerca de infrações e faz o tratamento de imagens relevantes para órgãos de investigação, conforme explica Luciano Carlos Leão, perito criminal e supervisor do núcleo.

Perícia em Audiovisual

O setor desempenha também outro tipo de perícia bastante pertinente para investigações: a perícia em áudio e vídeo. Muitos crimes que são registados por câmeras de segurança em locais públicos e privados ou que são registados pelos próprios infratores passam por tratamento de imagem e som para que, a partir do material, seja facilitada a identificação ou indiciamento dos criminosos mediante prova material, que também podem ser crimes de trânsito. Em casos de análise de voz, os peritos fazem exames de identificação de locutor para atestar se uma voz apresentada em uma mídia corresponde à voz de um suspeito. Quando se trata de vídeo, os peritos do NPTAT realizam ainda o exame prosopográfico, que consiste em detectar traços do rosto, verificação de tatuagens e cicatrizes no corpo. As características encontradas são comparadas às de algum suspeito para constatar se a pessoa da imagem é a mesma apresentada pelas autoridades policiais.

Crimes virtuais ou que são realizados por meio de dispositivos tecnológicos, tais como fraudes bancárias, também são analisados pelos peritos da Copec. Um dos crimes mais comuns ocorridos neste âmbito são os vírus instalados a partir de mensagens e torpedos contendo links com vírus. O perito criminal do NPTAT, Cristiano Moreira, explica que os criminosos encaminham mensagens contendo o vírus e a vítima, que muitas vezes é usuária de aplicativos de ‘internet banking’, não desconfia que se trata de uma mensagem suspeita e acabada acessando o conteúdo. Com apenas um click, se instalam vírus que capturam todas as informações de acesso do celular, como dados pessoais, senhas de redes sociais e senhas bancárias.

Para o supervisor do Núcleo, Luciano Carlos Leão, a qualificação dos profissionais e o aparato tecnológico do Núcleo estão sempre sendo atualizados e isso faz com que a Perícia Forense detenha ferramentas e técnicas que possibilitem detectar o surgimento e a usabilidade dos novos dispositivos em função do crime e os identifique. Desta forma, o Núcleo dá suporte aos órgãos de Segurança e Justiça e atua em beneficio da sociedade de um modo geral.