“Passado, Presente, Futuro”: A trajetória dos sonhos de futuros profissionais da Segurança Pública

8 de março de 2024 - 09:42 # # # # #

Edmundo Clarindo/ Elis França – Texto
Leandro Freire/Cristiano da Silva – Fotos

A Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE) conta o passado, o presente e o futuro de Daniele e Deivis. Em breve, após a conclusão dos cursos de formação, é possível que ambos se encontrem em uma demanda investigativa que demande o esforço conjunto de quem tem o mesmo sangue correndo nas veias.

A rotina das forças de Segurança Pública levou duas instituições a terem vínculos para além da coirmandade. Não é exagero dizer que, no Ceará e em qualquer outro estado, os servidores da Polícia Civil e da Perícia Forense podem ser considerados muito mais do que colegas. São parceiros em investigações e em outras atividades de interesse público que também trazem a satisfação pessoal e a realização profissional.

Também não é demais afirmar que, se os dois órgãos são coirmãos, os agentes têm entre si esse mesmo vínculo. Pelo menos na vida de dois filhos de Francisco, sim, os irmãos ostentam no peito os distintivos da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) e da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce).

A Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE) conta o passado, o presente e o futuro de Daniele e Deivis. Em breve, após a conclusão dos cursos de formação, é possível que ambos se encontrem em uma demanda investigativa que demande o esforço conjunto de quem tem o mesmo sangue correndo nas veias.

SANGUE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Passado

Francisca Daniele e Francisco Deivis nunca foram dupla sertaneja, mas vieram ao mundo como dois filhos de Francisco. Em Fortaleza, bem longe dos holofotes e da vida de luxo, os irmãos tiveram uma infância simples, mas repleta de união. Com pouca instrução e a necessidade de muito trabalho, os pais se sacrificavam ao máximo para proporcionar boas condições de estudo. Mas a irmandade teve que falar mais alto do que o normal.

“Meu irmão teve mais inteligência. Ele tem uma grande facilidade de aprendizado. Então, eu pedia ajuda a ele. Em Matemática, por exemplo”, relembra Daniale, sobre os tempos de escola. “Eu chegava do colégio, fazia tarefas, e ela me pedia ajuda. Mas eu não tinha paciência. Queria que ela pegasse tudo”, complementa o irmão.

Francisco, o pai da Daniele e Deivis, tentava estabelecer a calmaria. “Ele dizia: ‘Tenha paciência com a bichinha, ensine a ela’. Era assim…”, recorda o irmão.

Mais do que irmãos, os franciscos já eram parceiros. As idas e vindas em shoppings e em apresentações artísticas eram assim: um ao lado do outro. Os pais tinham que manter pequenos negócios para sustentar a grande demanda de casa. Logo, eles precisavam ir além da irmandade.

Ao cursar idiomas, Daivis se interessou pelo francês, que o fez conhecer um outro mundo por meio de uma colega: a Farmácia. Não demorou muito para que ele obtivesse a tão sonhava aprovação para o curso de Nível Superior. Seguindo o caminho, Daniele passou para Biologia.

A vida nunca foi fácil, mas o espírito de equipe – aliás, de família – sempre manteve na direção do futuro os filhos de Francisco. Até que vieram três cirurgias e quatro meses de cama, após uma fratura de quadril provocada por um câncer. Deivis precisou ser muito mais do que filho ou irmão. A farmácia que ele tinha também ficou para trás. Para encerrar o negócio e pagar todas as pendências, sobravam apenas R$ 200.

Daniele, por sua vez, passara em um concurso público, era guarda municipal. Com sede de novas aprovações e tendo o irmão também inclinado a buscar uma vaga, os papéis se inverteram: a irmã seguiu estudando e passou a ensinar o irmão.

Vieram as confirmações de certames no Ceará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte. “É agora! Vou gastar pouco para fazer as provas… Então,  foquei bastante nos estudos, passei nos três”, celebra Deivis.

O irmão passou para a Pefoce. A irmã, para a PC-CE. “Vamos matar os velhos (pais) de alegria”, riem Daniele e Deivis.

Presente

Hoje, na Aesp/CE, os irmãos mantêm a rotina de estudar juntos, ainda que pertençam a diferentes cursos de formação.

“A Academia agora é a nossa casa. É árduo, não é fácil. Estamos acordando todo dia às 4h30min da manhã. Passamos o dia sentados, estudando, tem atividades físicas. Mas é gratificante”, conta Deivis. “Estou onde eu queria estar”, complementa a irmã.

Ele será perito criminal. Ela, inspetora. Mas, antes da PC-CE e da Pefoce, a Aesp passou a fazer parte das memórias afetivas e efetivas dos filhos de Francisco. Com duas outras colegas, eles tiraram fotos na Academia, logo no primeiro dia de aula.  “Eu sou determinada. É o que eu quero de melhor, eu vou conseguir. Não vou desistir”, promete Daniele.

Os encontros casuais na instituição, em breve, poderão se repetir na rua. “A gente vai se encontrar no serviço”, prevê a filha de Francisco.

Futuro

“Já me imagino no meu local de trabalho, na Toxicologia. E já conheço gente de lá. O diretor-geral (da Pefoce) é meu contemporâneo de faculdade”, detalha Deivis. “Quero me satisfazer pessoalmente naquele trabalho investigativo de ciência”, reafirma.

O filho de Francisco também detalha como imagina o futuro da irmã. “O trabalho dela é de investigar, trazer vestígios, e o delegado passa para a gente”, enumera o novo perito.

Daniele também pensa na família e de que modo as nomeações serão celebradas. “Nós vamos estar estabilizados. Meus pais terão os dois filhos com futuro na vida”, exclama.

Foi a vida que colocou Deivis e Daniele numa mesma história, para escrever o mesmo presente, talvez com um futuro que seja igualmente de união e de parceria.

“A gente pode se encontrar num local de crime. E lá estarão dois franciscos, filhos de Francisco”, sorri a irmã.