Servidoras falam das suas trajetórias e do trabalho feminino na Pefoce desde décadas passadas

8 de março de 2022 - 11:02 # # #

Texto e fotos: Sara Sousa - Ascom Pefoce

Neste dia 8 de março, data mundial que celebra a luta e as conquistas das mulheres por direitos, a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) traz histórias de servidoras que ingressaram na atividade técnica-científica em tempos em que a presença feminina ainda era tímida nas Forças de Segurança do Estado, principalmente, em alguns setores da atividade pericial. As servidoras falam dos desafios e júbilos vivenciados de décadas passadas até os dias atuais.

Na Pefoce, uma das servidoras que sabe bem o que é essa quebra de tabu e ser uma presença feminina em carreiras, tradicionalmente ocupadas por homens, é a perita criminal Sônia Silva, que atua em locais de crime desde 1996. Ou seja, são mais de 25 anos contribuindo para a elucidação de crimes no Estado. Única mulher da escala de perícia externa, ainda no antigo Instituto de Criminalística, a perita criminal fala um pouco sobre o orgulho e a felicidade de trabalhar com o que ama.

Apesar do passar dos anos com avanços alcançados pelas mulheres, ainda existem setores em que essa atuação pode ser mais ampliada e é o que deseja Sônia Silva . “No Instituto de Criminalística eu era a única mulher da escala de plantões. Os tempos eram outros, com menos violência e eu atuava com o respeito de todos. Mas o número de peritas criminais ainda é baixo, inclusive, na perícia externa só existem duas peritas, eu e a perita Leda”, exemplifica.

“A minha expectativa é de melhoras, pois com muita garra, força e determinação vamos continuar conquistando o nosso espaço. É importante fazer o que se ama e eu sou feliz em exercer a minha função”, conta. A perita fala para as mulheres que desejam atuar na perícia, que não deixem seus sonhos passarem e não se intimidem com nada. “Precisamos ter mais mulheres na perícia, pois a profissão de mulher é a que ela escolher”, destaca.

Quando saímos da Perícia Criminal e adentramos na Medicina Legal, em décadas passadas, mas não tão longe assim, o quadro feminino também era tímido. Quem dá detalhes é a médica perita legista Roberta Pimenta, que hoje atua na supervisão da Traumatologia Forense da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel). Servidora desde 2008, a médica legista fala da época em que ela entrou na instituição, quando eram apenas quatro médicas. “É ainda um desafio vencer preconceitos. A mulher tem diversas habilidades, capacidade e competência para atuar em qualquer área da segurança pública, principalmente, nos órgãos de perícia, porque exige uma visão ampla e precisa no trabalho, qualidades que as mulheres possuem”, conta.

Roberta Pimenta destaca também a atuação das servidoras auxiliares de perícia, função que no passado era desempenhada por homens e que hoje possui um quadro efetivo feminino maior e tende a se ampliar no atual concurso. “Nas perícias em geral, tanto na tanatologia, traumatologia, exame cautelar e, principalmente, nos exames da sexologia forense, que exige um atendimento mais humanizado no trato com as vítimas, o trabalho das médicas peritas legistas do Ceará é desempenhado com muita competência e zelo”.

Paixão em servir

Outra servidora dedicada e que traz uma bagagem com muita prestação de serviço e paixão pelo que faz é a auxiliar de perícia Maria Nazaré Araújo, que atua com muito empenho na emissão das carteiras de identidade dos cidadãos do Ceará. Servidora desde 1981, Dona Nazaré, como é chamada pelos colegas de trabalho, conta que inicialmente quis ser professora, mas que fazer concurso e trabalhar com o público foi a sua escolha e um desafio que ela abraçou.

Nazaré tinha dois filhos pequenos quando ingressou no antigo Instituto de Identificação, que hoje é a Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias Biométricas (CIHPB) da Pefoce. A servidora conta que foi um grande desafio na época, pois além de ter que conciliar carreira e maternidade, ela acompanhou a modernização dos sistemas para emitir as carteiras de identidade, métodos implementados para aprimorar a segurança dos documentos, análises pra evitar fraudes, atendimento a público e constantes aperfeiçoamentos que a servidora foi se habilitando para manter sempre a excelência do trabalho. “ É uma atividade desafiadora, de constantes aperfeiçoamentos, e vale salientar que é também uma profissão prazerosa a qual eu continuo a servir o povo e conservo colegas antigos e das novas turmas que chegam para complementar. Desejo boa sorte a todas que sonham em entrar para a Pefoce”, comenta.

Outra realidade

Apesar de a ampliação do efetivo feminino ir caminhando gradativamente em algumas coordenadorias da Pefoce, existe um núcleo da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses (Calf) que é composto predominantemente por mulheres: o Núcleo de Perícia em DNA Forense (NUPDF). Supervisionado pela perita criminal Teresa Cristina, atualmente, o DNA Forense da Pefoce conta com oito servidoras, entre peritas legistas e auxiliares de perícia, três colaboradoras terceirizadas e apenas um perito legista do sexo masculino.

Teresa Cristina fala que quando entrou no Instituto de Criminalística, na sua turma, em 1993, eram apenas duas peritas criminais mulheres e que ela sentia falta de ter mais companheiras atuando com ela. Teresa era a única graduada em engenharia química no Instituto e também atuou em locais de crime na perícia externa por um período. A perita, sempre dedicada aos estudos e aperfeiçoamentos, fez uma especialização em genética forense e recebeu a missão de montar o laboratório de DNA Forense, um grande desafio que ela aceitou com muito amor e liderança.

“Como começamos do zero, desde o desenho da planta do núcleo até a compra de equipamentos, projeto embrionário mesmo, e devido a minha capacitação na área, foi natural estar nessa posição hoje”, revela. Mas a perita que está à frente do núcleo mais feminino da Pefoce sabe que essa não é a realidade de todos os setores da segurança pública, e deseja que as mulheres se encorajem a buscar seus sonhos. “A mulher ocupa o lugar que ela quer na sociedade e, para ser perita, basta querer estudar e buscar cursos que ofereçam oportunidades nessa área e fazer concurso. Tudo o que a gente faz é bem feito e é uma profissão que realiza muito a mulher. Se ela gosta da área, então ela pode realizar”, incentiva.