Profissionais da segurança pública do Ceará ajudam no processo de inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista

2 de abril de 2021 - 17:53 #

 

Para entrar no mundo daqueles que apresentam Transtorno do Espectro Autista (TEA) é preciso pedir licença. Com um diagnóstico neurológico comum, mas ainda pouco conhecido, as pessoas com TEA vencem desafios diariamente e mostram cada vez mais a importância da sociedade conhecer o que ainda é tido como diferente. Nesta sexta-feira (2), é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. No Ceará, os profissionais que integram as forças de segurança pública vêm desempenhando um papel bastante importante dentro desse movimento: a inclusão social desse grupo utilizando terapias educacionais e ocupacionais.

O TEA é uma disfunção neurológica que acomete pessoas no mundo todo. As alterações do espectro autista impactam o desenvolvimento padrão das áreas de interação social, habilidades de comunicação e comportamental dessas pessoas. A data do dia 2 de abril foi intitulada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, com o intuito de ampliar a divulgação de informações e conscientizar as pessoas sobre esse tema. Mesmo com muitos objetivos alcançados, as pessoas com autismo ainda enfrentam muitas dificuldades para serem reconhecidos e terem seus direitos respeitados.

Buscando melhorias voltadas para esse público, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) iniciou, dentro do colégio da instituição, em 2020, o Atendimento Educacional Especializado (AEE). O serviço é realizado em parceria com a Secretaria da Educação (Seduc). Com isso, a genialidade que poucos conseguem decifrar ganhou mais espaço dentro das salas de aulas. Hoje, devido à pandemia do coronavírus (Covid-19), os atendimentos acontecem de forma remota. Cerca de 300 crianças são beneficiadas e participam de atividades online acompanhadas pelos professores.

De acordo com o coronel comandante geral adjunto do CBMCE, Zélio Menezes, o atendimento visa oferecer uma educação mais humanizada e reduzir o preconceito que ainda existe contra essas pessoas. “Sempre foi um sonho trazer esse projeto para o Colégio dos Bombeiros. Hoje, por meio desses atendimentos, os alunos têm suas peculiaridades desenvolvidas através de atividades educacionais e ocupacionais, que são realizadas no contraturno de suas aulas. Me sinto extremamente feliz por ter idealizado a criação do AEE e, também, pela possibilidade de poder dar prosseguimento aos trabalhos, mesmo em tempos de pandemia. O atendimento segue em andamento e ocorre de maneira virtual”, destaca.

Terapia com animais

Em paralelo aos trabalhos dos bombeiros, policiais militares lotados no Regimento de Polícia Montada Cel Moura Brasil (RPMont) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) desenvolvem diversos projetos sociais. Um deles, realizado pelo Centro de Equoterapia da PMCE, promove atividades com cavalos. Com amor e paciência, os militares oferecem, por meio da terapia com os equinos, condições necessárias para os beneficiários desenvolverem suas percepções psicológicas e fisioterápicas.

O coordenador do projeto, o 1º tenente Rommel Arrais, destacou a importância da ação que já existe há mais de 25 anos e os benefícios para o processo de evolução dos praticantes, seja de forma motora ou cognitiva. Para ele, é gratificante disponibilizar uma nova realidade para esse público. “A maior satisfação para a equipe de profissionais do Centro é ver aquela criança (a maior parte do nosso público assistido) atingindo, pouco a pouco, seus objetivos e desenvolver suas habilidades. Neste Dia Mundial da Conscientização do Autismo, gostaria, em nome de todos que fazem parte do Centro de Equoterapia da PMCE, parabenizar todas essas pessoas tão especiais que veem o mundo de uma forma diferente e, por isso, acabam sendo vítimas de preconceito, por pura ignorância, ou mesmo desconhecimento acerca de sua condição neurológica”, ressaltou ele.

Uma das crianças beneficiadas pelo projeto é conhecida carinhosamente como “Dudu”. De acordo com a mãe do menino, Helen Luci, ele apresentou uma evolução significativa após iniciar o acompanhamento no Centro. “Todo o trabalho psicológico, de fisioterapia, de terapia com os cavalos tem feito muito bem ao Dudu. Ele aprendeu a esperar a sua vez, a usar uniforme, a entender que há um tempo necessário de aprendizado para tudo. Perceber a evolução do meu filho é gratificante. Após as atividades, ele sempre chega em casa mais leve e tranquilo. Sou muito grata a toda equipe por desempenhar um papel tão importante e por nos dar esse suporte necessário para a melhoria da qualidade de vida dele e de todos que fazem parte do projeto”, frisou ela.

No momento, os atendimentos com os equinos estão suspensos temporariamente em razão das medidas de enfrentamento de combate à Covid-19. Porém, os profissionais com apoio de psicólogos e assistentes sociais realizam o acompanhamento dos alunos de forma remota.

Inclusão social

A Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias Biométricas (CIHBP) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) passou a incluir, em 2019, o símbolo que representa o Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas carteiras de identidades emitidas pelo órgão. A iniciativa foi fundamentada no Decreto Federal nº 9.278/2018, que dispõe sobre a identificação das condições específicas de saúde de pessoas com necessidades especiais.

Com a implementação do símbolo, as pessoas com TEA passaram a ter serviços e atendimentos prioritários. O Ceará foi um dos primeiros estados do País a inserir o símbolo nas cédulas de identidade.

Ascom SSPDS