Laudos da Pefoce comprovam participação dos suspeitos em mortes no bairro Benfica

26 de março de 2018 - 18:32 # # #

A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) concluiu parte dos laudos de exames solicitados referente às investigações das mortes ocorridas, no último dia 09, no bairro Benfica. Os laudos concluídos respondem às indagações sobre as armas utilizadas, os veículos e os suspeitos. Os detalhes foram divulgados na tarde desta segunda-feira (26) em coletiva na sede da Pefoce. Os documentos concluídos foram produzidos pelo Núcleo de Balística Forense (Nubaf) da Coordenadoria de Perícia Criminal (Copec) e do Laboratório de Identificação Papiloscópica (LIP) da Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias Biométricas (CIHPB) da Pefoce. Participaram da coletiva, o perito geral do Ceará, Ricardo Macêdo, o diretor adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), George Monteiro, o coordenador de Perícia Criminal, Rômulo Lima, e o auxiliar de perícia do Laboratório de Identificação Papiloscópica, Paulo Harrisson.

Por meio do trabalho desenvolvido pelo Nubaf, foi possível atestar que as mesmas armas foram utilizadas nos três locais de crime, além de confirmar que um projétil localizado na vítima Adenilton da Silva Ferreira saiu de uma das armas apreendidas: a pistola calibre .40. O trabalho pericial já identificou ainda que, pelo menos, quatro armas distintas foram utilizadas na ação criminosa. Os exames de local de crime identificaram estojos de calibre nove milímetros nos três locais. Como conclusão dos exames de comparação balística, concluiu-se que uma mesma pistola desse calibre foi usada nos crimes. “No dia que se deu o fato, o perito de local de crime já iniciou os primeiros exames e alguns vestígios já foram identificados, a exemplo de estojos de um mesmo calibre, onde se confirmou que tanto na sede da torcida organizada quanto na praça da Gentilândia foi utilizada a mesma arma. Esse material veio para a balística com os projéteis que saíram dos corpos das vítimas e conseguimos positivar as armas utilizadas”, afirmou Rômulo Lima, coordenador da Copec.

 

Já o trabalho do LIP, resultou no laudo de exames papiloscópicos em um dos veículos utilizados no crime. No veículo Punto, de cor branca e placas OSP 9240, a perícia localizou impressões digitais de três suspeitos. Um deles é Douglas Matias da Silva, que já responde por homicídio, com quem o veículo foi apreendido. Já os outros envolvidos permanecem com os nomes sob sigilo para não atrapalhar o trabalho policial. As impressões digitais dos suspeitos foram encontradas no capô do veículo, além da parte interna dos vidros. “Fizemos o trabalho de levantamento de impressões digitais no veículo do suspeito. Vale ressaltar a importância da preservação do local de crime, que foi fundamental para obtermos sucesso em localizar as impressões do Douglas e de outros dois suspeitos.” afirmou Paulo Harrisson.

O caso

As mortes ocorreram, na noite da sexta-feira (9), no bairro Benfica, em Fortaleza. As pessoas foram assassinadas na Praça da Gentilândia e próximo à sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), no Bairro Benfica. Já na madrugada do domingo (11), um suspeito foi capturado. Após investigações policiais, a equipe da DHPP chegou à localização do veículo Fiat Punto, que havia sido captado em imagens de câmeras localizadas próxima à sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF). O carro estava na garagem de um prédio no bairro Meireles.

Os policiais realizaram uma busca no apartamento ao qual a garagem é vinculada, onde encontraram dois revólveres calibre 38, uma pistola .40, munições e carregadores. O suspeito que estava no imóvel tentou fugir, mas foi contido pelos policiais. Ele já responde pelos crimes de roubo e receptação. O suspeito foi conduzido à DHPP, onde foi autuado por homicídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, resistência, receptação e nas Lei das Organizações Criminosas. Dentro do automóvel, foram encontrados cartuchos de bala. O material recolhido foi encaminhado para a Perícia Forense do Ceará (Pefoce), onde foi comparado com o que já havia sido coletado nos locais dos crimes. A DHPP segue com as investigações, visando à prisão dos demais suspeitos.

Saiba mais

A Papiloscopia Forense é umas das técnicas desempenhadas com finalidade de realizar a identificação humana através de impressões digitais (datiloscopia), palmares (quiroscopia) e plantares (podoscopia) utilizando métodos técnico-científicos. As impressões digitais são registradas em documentos oficiais (carteira de identidade, carteira de trabalho, carteira de motorista, passaporte, processos criminais, etc). Com a coleta e a revelação das impressões papilares dos mais diversos materiais coletados em locais de crime, contra o patrimônio e/ou contra a vida, ou de quaisquer objetos envolvidos em atos delituosos é possível realizar a comparação (confronto) com as digitais dos supostos envolvidos nos delitos.

Já o exame de confronto balístico é um teste realizado para confirmar se uma arma disparou um determinado projétil. Quando o projétil sai pelo cano da arma, onde há raias (para bala sair girando e ganhar velocidade), sofre uma pressão e imprime em si as características do cano. O estojo, conhecido como cápsula, também tem a sua “impressão digital” durante a explosão do tiro, a base da bala fica marcada, estas marcas são únicas. Para a conclusão do exame é utilizado um micro comparador balístico, uma espécie de microscópio de alta resolução e precisão que comparam simultaneamente as munições contestadas.