SSPDS e PraVida realizam curso sobre prevenção ao suicídio na segurança pública

29 de agosto de 2017 - 11:56

Prevenção do suicídio na segurança pública. Este foi o tema discutido durante um curso ministrado, nesta segunda-feira (28), pelo professor e PhD em psiquiatria, Fabio Gomes de Matos, que também é coordenador do Programa de Apoio à Vida (PraVida) da Universidade Federal do Ceará (UFC). O evento ocorreu na sede do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar (QCG), no bairro de Fátima, em Fortaleza. Durante a iniciativa, que marca os preparativos para o “setembro amarelo”, estiveram presentes os representantes da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), de suas vinculadas – Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Perícia Forense e Academia Estadual de Segurança Pública; e os profissionais que atuam no Centro de Atenção Biopsicossocial da SSPDS.

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Com o objetivo geral de capacitar os servidores da Segurança Pública do Ceará, para atuarem na prevenção ao suicídio envolvendo os profissionais de segurança, o curso foi realizado em quatro módulos durante todo o dia de hoje, que buscaram contextualizar a temática, trazendo estudos e dados acerca de sua epidemiologia, fatores de riscos e de proteção. Para a psicóloga Rebeca Rangel, do Centro de Atenção Biopsicossocial da SSPDS, “é uma forma de preparar os comandantes de cada vinculada, sobre como proceder caso se deparem com algum profissional, seja ele, policial militar, civil, bombeiro militar ou perito forense, que demonstre indícios associados ao comportamento suicida”, revela.

Em seu discurso de abertura, o professor Fábio Gomes chamou atenção para os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os quais revelam que mais de 800 mil pessoas cometem suicídio, por ano, no mundo. Estas estatísticas, em âmbito mundial, demonstram também que uma pessoa tenta contra a própria vida a cada 40 segundos. Estes números ficam ainda mais alarmantes, quando se deparam com a realidade apresentada por um estudo feito pelo psiquiatra J. Michael Bostwick, no qual aponta que 59% das pessoas, que tentam suicídio, obtêm sucesso na sua primeira tentativa. “No Brasil são cerca de 12 mil suicídios por ano. “Fortaleza é a segunda cidade que mais apresenta registros de pessoas que tiram sua própria vida. A Capital cearense perde apenas para São Paulo. No entanto, esta taxa é subdimensionada, pois uma das questões fundamentais, por exemplo, é a dificuldade de notificar estes casos. Dessa maneira, os números são muito maiores do que a realidade que nós conhecemos. É necessário reconhecer como um problema de saúde pública”, ressaltou o coordenador do PraVida.

No caso dos agentes de segurança, Fábio Gomes ressaltou que pesquisam internacionais apontam como um grupo de risco com relação ao suicídio, ou seja, estão mais expostos ao fenômeno do que a população em geral. “Inúmeras razões ajudam a explicar essa exposição, uma dela é a facilidade de acesso às armas de fogo. Somam-se a isso, questões laborais, como jornadas de trabalho intensas e estressantes, além de uma cultura policial fortemente hierarquizada, ou a desvalorização por parte da sociedade”, destacou. Entre os planos de ação apresentados pelo pesquisador do PraVida, estão dois tipos de propostas de intervenção. A primeira que possui um cunho geral, como palestras; gestão pessoal, como a revisão das escalas de trabalho; gestão de logística, formação e treinamento. No caso das ações mais específicas, está a criação de um protocolo sobre como lidar com um potencial suicida, considerando os níveis de risco.

“O que é importante é que possamos entender que todos nós precisamos ser os porta-vozes dos que sofrem com estes problemas mais graves, como depressão, transtornos bipolares e dependências químicas. Podemos criar uma sociedade mais humana, justa, fraterna e mais amiga. E que vocês, dentro de cada corporação, possam ser mais acolhedores, diante dos problemas dos seus colegas de profissão”, finalizou.

Já para o secretário da SSPDS, André Costa, que vem desenvolvendo ações visando o bem-estar dos profissionais que atuam na proteção da sociedade cearense, “é importante que possamos despertar a problemática do suicídio, junto aos gestores do Sistema de Segurança, de modo que possamos induzir a curiosidade sobre a identificação de sinais e comportamentos suicidas, bem como a sua prevenção. Aproveitando o setembro amarelo, que traz um mês dedicado a esta discussão, traremos um segundo momento, também com o PraVida da Universidade Federal do Ceará (UFC), em que realizaremos um curso de 40 horas para a formação de voluntários e facilitadores. Auxiliando, assim, no acolhimento de pessoas que necessitam de um atendimento médico especializado”, destacou.

Fonte: SSPDS