Especial #MulheresnaPefoce: Solidariedade e tratamento humanizado marcam atendimento de vítimas na Pefoce

7 de março de 2018 - 16:29

Assessoras de Comunicação: Morgana Cruz e Rafaele Barbosa Fotos: Rafaele Barbosa

“É aqui que você aprende a ser mais humana e a se importar com o próximo”, declara a técnica de enfermagem Lúcia Maria Paz dos Santos (55), sobre o trabalho que desenvolve no Núcleo de Atendimento à Mulher, Criança e Adolescente (Namca) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). O setor é ligado à Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da instituição e é onde Lúcia e toda a equipe praticam mais do que o profissionalismo: a solidariedade.

O Namca oferta assistência necessária às vítimas de abuso sexual e dispõe de espaço focado em proporcionar uma melhor acomodação para crianças na hora da realização de exames pertinentes ao delito, como coleta de material genético. Com uma brinquedoteca montada com brinquedos doados, o cenário procura amenizar o trauma vivenciado pelas vítimas. É nesse contexto que Lúcia entra em ação. “Deus me deu o dom de dar uma palavra de consolo e de ajudar as pessoas em suas dificuldades”, revela. Ela executa funções como digitalização de exames e depoimentos, preenchimento de fichas e encaminhamentos e coleta de materiais. Mas, entre tantas atribuições, ela diz que existe uma que completa o sentido do seu trabalho: “eu gosto de cuidar de pessoas”.

Enquanto algumas mulheres proporcionam avanços tecnológicos para a Ciência Forense do Ceará, Lúcia eleva o tratamento humanizado como a melhor forma de servir as vítimas que necessitam dos servidos científicos da Pefoce. Há oito anos na instituição, ela também realiza coletas para exames de embriaguez, acompanha mulheres presas durante exames de corpo de delito e auxilia pessoas que passem mal durante algum procedimento. “Eu gosto de trabalhar aqui porque eu gosto de cuidar de pessoas (…). Uma palavra amiga pode levantar alguém e é isso que procuro fazer todos os dias”, enfatiza. Casada, com três filhos e quatro netos, ela conta que foi difícil acompanhar a rotina do Namca no começo. “Eu ficava muito mais preocupada com meus netos. Mas percebi que aquele sentimento não era correto e pedi a Deus pra tirá-lo de mim”. E foi isso que aconteceu. Ela diz ainda que transforma a sensibilidade com os casos em equilíbrio para ajudar cada vítima e sua percepção feminina se tornou uma oportunidade.

“O fato de eu ser mulher é uma porta aberta para conquistar as crianças. Aqui é um lugar onde as pessoas precisam encontrar carinho, acolhimento. Elas precisam se sentir seguras”, pontua. Ela se emociona ao relembrar alguns casos e como foi necessário ter paciência e delicadeza no trato com as pessoas. Por vezes ela precisa abandonar a figura de profissional da saúde e dedicar tempo para conversar e brincar com os meninos e meninas antes da realização de quaisquer exames. “Dona Lúcia”, como carinhosamente é conhecida entre os colegas, pondera que o sentimento humano deve estar acima do trabalho mecanizado e finaliza: “A força feminina nem sempre é vista no trabalho que exige esforço físico, mas é claramente notada na sensibilidade do olhar, do falar e na empatia com o próximo”.

Namca

O Núcleo de Atendimento Especial à Mulher, Criança e Adolescente (Namca) da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Pefoce atende, desde janeiro de 2013, mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência. Com sala própria (batizada como Sala Lilás) e separada dos outros setores de perícia e do possível contato com o agressor. o Namca oferece acolhimento humanizado às vítimas de violência e dispõe de decoração especial, brinquedoteca, ampla sala de espera e equipamentos especializados para a realização dos exames periciais. As necessidades especiais detectadas, durante o atendimento, são encaminhadas para o serviço assistencial hospitalar, psicossocial e jurídico.